REFER – Catenária 25kV 50Hz ac

Quando na década de 50 do século passado e também como uma manifestação por parte da CP, em melhorar e otimizar a sua exploração ferroviária, precisamente na altura em que se celebrava o centenário (1856-1956) da inauguração do Caminho de Ferro em Portugal, começou a CP a pensar para no concreto começar a eletrificar a sua rede ferroviária, numa experiência totalmente diferente daquela que acontecia já há décadas na Linha do Estoril, explorada pela Sociedade Estoril, de que não teve continuidade, para o resto da nossas linhas férreas.

Também por outras palavras podemos acrescentar que a CP começou tarde demais a proceder à eletrificação das suas principais linhas, com consequências diferentes, ou seja, no período anterior os custos de exploração eram mais elevados, porque dependentes da tração a vapor (em decréscimo) e da tração térmica (em acréscimo) e no período posterior, custos menos elevados na tração elétrica, mesmo considerando os dois principais vetores, como a infra (catenária) e a aquisição do material circulante, como locomotivas e automotoras elétricas. Então, porque começou tarde, a CP vai beneficiar em grande medida, por ter optado com coragem, eletrificar a sua rede na corrente industrial ou monofásica na tensão de 25 kV 50Hz, que estava também a ser opção, em todo o norte e este da França, com espetaculares resultados e que também foi opção para outros países como o Reino Unido (em grande parte) e outros.

A Europa já eletrificada, fazia-o nas seguintes 4 tensões principais:

Corrente Contínua (eletrificações antigas)

– 1500 V cc ou 1,5 kV cc (a)

– 3000 V cc ou 3 kV cc (b)

Corrente Alternada (eletrificações modernas)

– 15.000 V 16 2/3 Hz ac ou 15 kV 16 2/3 Hz ac (c)

– 25.000 V 50 Hz ac ou 25 kV 50 Hz ac (d)

a – escolhida pela França nas suas redes do sudoeste e sudeste, assim como na Holanda, entre outros

b – escolhida pela Espanha, Itália ou Polónia, entre outros

c – escolhida pelos países escandinavos como Noruega e Suécia, assim como pelos de língua alemã, como Alemanha, Áustria e Suiça, entre outros

d – escolhida por Portugal, França (rede norte e este), Reino Unido ou Dinamarca e Finlândia, assim com alguns países do leste europeu, por exemplo.

Em favor da eletrificação da rede portuguesa, foi determinante a experiência, o exemplo, e a qualidade que a SNCF, tinha nas suas redes do norte e este de França, através do então recém criado Groupement 50 Hz, aliança entre as principais construtoras de material circulante de tração elétrica da Europa, em que a integravam colossos como a Alsthom e a Siemens, como também Brown Boveri, AEG, MTE e a nossa ex-SOREFAME.

Aliás, podemos dizer que se tirarmos uma fotografia, em que o motivo principal da mesma é a infraestrutura e a catenária, e se tirada por exemplo nos campos do Ribatejo em plena Linha do Norte, podemos pensar que estamos a ver uma paisagem francesa no norte ou este de França, porque todo o sistema e sua conceção derivam totalmente e são iguais aos que foram implantados pela SNCF nos também anos 50 do século nestas duas zonas da sua rede, que ainda não estavam eletrificadas.

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Outro aspeto importante para a economia da exploração ferroviária no modo elétrico, manifesta-se nos custos de exploração, pois o melhor sistema dos 4 em cima apresentado, é aquele que Portugal escolheu e isso significa, uma catenária e todos os seus componentes, eficaz, de grande beleza, leve e que necessita de menos subestações de tração e em que a sua função é de alimentar através da rede elétrica nacional, o troço correspondente da linha férrea, depois da necessária conversão e retificação da energia recebida através da REN e outros fornecedores, nos dias de hoje. Essas mesmas subestações estão espaçadas entre si, de 70, 80 ou 90 kms, enquanto que na corrente contínua de 1,5 kV cc, por exemplo, é necessário muito mais subestações, ou seja, troços espaçados entre si de 20 a 30 km, quando menos, às vezes, tudo dependendo da geografia do traçado e seu tráfego.

Por exemplo, em termos de comparação, existem mais subestações na Linha de Cascais (eletrificada em 1500 V cc), que possui 26 km de extensão, do que na Linha do Norte (eletrificada em 25 kV 50 Hz ac), que soma mais de 300 km de extensão. Em relação à beleza da infraestrutura da catenária, poste (de configuração igual à letra H (Perfil Gray), fios de contato, etc, é bem mais ligeira e leve, do que a muito mais pesada (3 vezes mais por km) catenária de corrente contínua.

Em baixo, situação atual de eletrificações por linhas.

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